Um rapaz, filho de um advogado famoso por seus livros na
área de Direito, compareceu ao tribunal, acusado de falsificação de cheques. O
juiz, um velho amigo de seu pai, dirigiu-se a ele dizendo com rispidez: Rapaz,
você se lembra de seu pai?
Você o tem desonrado.
Lembro-me perfeitamente, respondeu o jovem, com bastante
calma. E prosseguiu: “Quando eu o procurava para lhe pedir conselhos ou
companhia, ele sempre respondia: ‘Vá embora, menino, eu estou ocupado’.
Assim, meu pai terminou de escrever os livros e aqui
estou eu”. (David Merkh)
Em nosso país temos uma cultura que diz que temos que
deixar os filhos livres e jogados na rua.
Muitos nem se importam em como a criança está, mas sim se
ela não vai causar algum “problema” provavelmente financeiro a ela.
Eu sempre percebi e repudiei aquelas mães que só se
importam em dormir e fazer a unha, enquanto isso jogam o filho na rua e nunca
se preocupam em saber como ele está. Temos pais que se intitulam como “eu sou
um pai presente”, aquele pai que no aniversário dá presente, no dia das
crianças dá presente, no natal dá presente... pra ser sincero, muitas vezes
entrega o dinheiro na mão do filho e nem se importa ou não sabe das
necessidades e o que o filho quer.
Esses vulgos pais presentes não se importam em saber como
foi o dia da criança, se houve algum problema no colégio, se ela fez o trabalho
na sala de aula, se ela vai fazer o para casa, não se importam se o filho
conheceu alguém novo, se ele está gostando de alguma coisa nova, entre outras
coisas.
Esse pai presente costuma ser o mesmo que depois precisa
corrigir os erros causados pelo filho.
Esse pai não vê o filho crescer, não percebe as mudanças
no comportamento do mesmo, acha que ele está criando o filho muito bem e que
nunca iria acontecer algo ruim para a família dele.
Esse pai que nunca se importou em dar amor para o seu
filho, não vai ver ele subindo o Juramento, o Dendê, o Alemão ou qualquer outro
morro onde há venda de drogas.
Esse pai que não se importa pra onde o filho vai a noite,
não vai ver o filho indo para bailes onde o jovem irá conviver com pessoas com
má conduta, onde na mesa ao lado estão fazendo carreias e mais carreias de pó e
aquilo que até então não era normal pra ele, vai se tornar natural.
O problema maior é quando as coisas erradas se tornam
naturais, pois o jovem vai pensar “olha, o lugar é ótimo, não é por que fulano
está fazendo aquilo que eu vou ter que fazer”, é aí que começa o erro.
Na cabeça dele, ele só vai estar indo ali para curtir,
mas não vai perceber que os indivíduos que ele irá conhecer, vão ser todos
desse círculo.
As amizades dele agora são usuários de drogas, e o
círculo social dele vai ser aquele.
Ao longo do tempo, aquilo vai se tornar tão natural, já
que todos os conhecidos dele usam, que irá vir a pergunta na cabeça dele: Ah, o
que que tem usar?
A partir daí ele vai conseguir a droga de graça com um
“amigo especial”, até que em um certo momento, ele não vai mais conseguir tudo
de graça, e assim inicia a pior parte da dependência química: a abstinência.
O filho agora irá correr para o amiguinho, já com
sintomas de um viciado e vai pedir ajuda para ele. Só que agora o “amigo
especial” não vai mais dar nada de graça para ele. Alguns meses depois, o pai
presente irá perceber que o relógio dele sumiu, que a carteira dele está
faltando aquela nota de 50 reais e até mesmo o DVD da sala desapareceu!
Mas, será que o filhinho dele sabe onde está isso tudo?
É aí que começa as dúvidas e as perguntas, e ele percebe
que não sabe nada sobre o filho. Então bate o desespero e a tristeza.
Eles não sabem nem as amizades ou o que ele tem feito. Os
pais agora desconfiam de tudo. Mas ninguém comenta até o dia que o filho irá
entrar por aquela porta, ordenando que os pais dêem dinheiro a ele, xingando,
ofendendo a mãe e partindo possivelmente para a violência.
Então o pai presente percebe que a família dele está
sendo destruída.
Eu imagino que ninguém quer isso para a sua própria
família e também acredito que há exceções.
Eu particularmente não tive pais presentes em todos os
momentos da minha vida e apesar de ter tido chance de fazer algo assim, não
fiz.
Quando os pais se omitem e não educam os seus filhos, é
certo que alguém irá fazer isso no lugar deles.
Num terreno onde nada se cultiva, o mato não demora a
tomar conta.
Às vezes, mesmo tomando os cuidados necessários, o mato
brota e sufoca as plantas. Não apenas traficantes, mas diversos outros “pais
adotivos” podem levar filhos e filhas para longe do caminho ideal
Pai, cuide do seu filho. Dê atenção a ele, procure sempre
saber das suas necessidades e problemas. Não deixe ele em segundo plano, ele
precisa de você na maioria dos momentos da vida.
Nada substitui a educação vinda dos pais na vida de uma
criança.
Observações:
As crianças que trabalham no tráfico de drogas no Rio de
Janeiro entram na atividade a partir dos 8 anos. De acordo com a pesquisa
"O Emprego de Crianças e Adolescentes no Tráfico de Drogas na Cidade do
RJ", 2,5% dos jovens entrevistados começaram a trabalhar no tráfico com
esta idade e 5% disse ter começado aos 9 anos.
A pesquisa aponta ainda que 67,5% dos adolescentes até 18
anos que foram entrevistados entraram para o tráfico de drogas até os 13 anos
de idade. Entre os jovens que trabalham no narcotráfico, 55% têm menos de
quatro anos de estudo, portanto, abaixo da média brasileira que é de 6,4 anos.
A pesquisa foi desenvolvida pelo IETS (Instituto de
Estudos do Trabalho e Sociedade) sob encomenda da OIT (Organização
Internacional do Trabalho).
Fonte:
Sindicato Mercosul
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